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Aquáriusul

Sou daqui deste povo que cheira a mar e sabe a fado

Aquáriusul

Sou daqui deste povo que cheira a mar e sabe a fado

Qua | 28.01.09

Inês de Castro

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Corriam mansamente as águas do Mondego entre margens verdejantes e campos edílicos, chilreavam aves canoras e corações apaixonados deleitavam-se no frescor da manhã.
Poetas recebiam inspiração, “Mondego que é dos meus amores que nas tuas margens deixei…”.
 
Bela era a jovem que placidamente passeava nos jardins do Paço, os seus pensamentos voavam céleres para o seu amado, Pedro, o infante de Portugal e filho de el-rei D. Afonso, quarto de nome e Bravo de cognome pelas suas qualidades de homem de armas e sagaz comandante.
Mas nuvens negras pairavam sobre os sonhos de menina e moça; para além da paixão e do coração subsistiam a política e a perfídia.
Longos são os braços da política, meandros insondáveis que à alma negam a razão!
 
Castela e Leão não abdicavam de unir à sua coroa a coroa de Portugal, no entanto opunha-se a vontade e o querer indómito de um povo que prezava acima de tudo a sua independência herdada de seus egrégios avós.
Movimentava-se o polvo da política e os seus braços envolveram Inês que tomada de amores dera a Pedro quatro rebentos dos quais um partiu. Era Pedro, viúvo de Constança, da qual Inês fora aia, e neste estado confrontou o velho rei rejeitando a sua vontade de o casar de novo e tomou Inês para o seu lar.
 
Vitupério clamava a nobreza, galega gritava a arraia-miúda. El-rei Afonso enredado nas malhas da trama que se gerava entre a família de Inês e os nobres de Leão e Castela e de Portugal, seguiu o aviso de seus conselheiros e mandou matar a bela Inês enquanto Pedro estava ausente, cruel acto de mentes frias, indigno de amantes e de bem-querer.
Triste estava Afonso de tal acto, movido por razões de estado, irado estava Pedro que seu amor lhe fora tomado.
Pedro quando ascendeu ao trono, perseguiu e matou cruelmente os algozes de sua amada, acção que lhe valeu o cognome de Cruel ou Justiceiro.
 
Em cerimónia tétrica coroou Inês de Castro rainha de Portugal e obrigou a sua corte a beijar a mão descarnada de seus amores, no acto de beija-mão que só à realeza é devida, passando e inclinando a fronte diante dos seus restos mortais; assim reza a lenda que de avós para avós perdura no tempo…
Foi depois sepultada em belo túmulo de pedra no mosteiro de Alcobaça, onde repousa ao lado de seu amado el-rei D. Pedro, as suas faces de pedra contemplam-se para sempre.
Assim foi criado o episódio mais trágico e comovente, mas vero, da História de Portugal, tão bem cantado e imortalizado por Luís de Camões nos Lusíadas, canto III, 120-136; Inês de Castro a que depois de morta foi rainha.
 
Alma Lusa