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Aquáriusul

Sou daqui deste povo que cheira a mar e sabe a fado

Aquáriusul

Sou daqui deste povo que cheira a mar e sabe a fado

Qui | 13.06.13

As flores da guerra

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As flores da guerra (*).

Os valores humanos não se medem pelas ações e comportamento de uma vida (¹). Pessoas frívolas e com baixo índice de cultura cívica podem dar exemplos de abnegação e amor ao próximo, que muitos que praticam os bons costumes e se impõem regras de conduta não seriam capazes em tempos de guerra e outras calamidades, teatros humanos onde se despem os preconceitos e outros artifícios comportamentais; a nu está o ser humano diante da realidade efetiva!

O comportamento humano é imprevisível e, por consequência, insondável, ele contém o fruto do universo, a espiritualidade, que germina nos campos da materialidade por onde peregrina (²), com seus afetos, criadores de emoções e sentimentos, conflitualidades inerentes ao desempenho do livre-arbítrio, misto de progresso e evolução na boa vontade, tão só, assim deveria ser! (³).                                     

A história tem exemplos aterradores de genocídios que mancharam a mácula da espiritualidade humana [e não são poucos], relegaram o homem para o nível mais baixo da Criação e viceja em campo escuro, alimentando cada vez mais esse ensejo.

Nem só de pão vive o homem, mas também do alimento para a alma que o lançará para fora do lodaçal onde se envolveu, tão logo seja capaz de se livrar dos muitos liames que ainda o sufocam em questiúnculas e atitudes meramente intelectivas, imbuídas de falsa espiritualidade, hipocrisia farisaica que domina e esconde no seu colo o sono de Morfeu, com face beatífica e atitude repousante.

Diante de situações de verdadeiro sofrimento humano, sobrepujam-se aqueles que, pela sua vida difícil e mundana [ou fácil, também os há], poderiam passar incólumes, já que a experiência da vida assim os ensinou, no entanto, detêm-se ante a dor e a necessidade de auxílio do seu próximo e agiganta-se no seu íntimo o que de mais belo têm, a espiritualidade altruísta. São estes exemplos que a história da humanidade não regista, acabam por se perder na voragem das calamidades e dos muitos martírios humanos, exemplos anónimos que valem mais do que muitas flores bem-nascidas, a que a vida reservou um berço dourado, não souberam ou não quiseram, pelo facto de terem merecido uma graça, aproveitar o seu património espiritual para auxílio e amparo do seu próximo; porque assim o Senhor clama pela misericórdia, que na consumação da lei da Reciprocidade alivia a dor e dá alento para uma nova vida a quem em verdade o ansiar, chamas bruxuleantes que brilham no caos escuro da ignomínia humana, onde tantos outros se perdem (⁴).

A análise histórica ao passado do património e legado da humanidade não nos deixa dúvida quanto ao comportamento passado e futuro da mesma, já que os sentimentos e afetos prevalecem na alma humana, num misto de ansiedade e prossecução de objetivos.

É este o nosso valor e é este o nosso porvir, cumprir o destino que Deus fez num ciclo eterno de fazer e desfazer de ações e comportamentos, até que, cumprida a peregrinação, sejamos absorvidos à vida eterna num misto de nirvana que nos acalentará a espiritualidade de eternidade em eternidade, em evolução permanente.

Não é fácil contextualizar a sociedade humana numa simbiose de progresso e sustentabilidade, se a evolução espiritual e boa vontade assim não o entenderem. Enquanto o individuo mantiver e alimentar a sua complexa espiritualidade em desequilíbrio, jamais o altruísmo poderá exercer o papel que lhe cabe no atuar humano na compensação do egoísmo.

“A existência terrena deve ser realmente vivenciada, se é que deva ter uma finalidade. Somente o que for experimentado no íntimo de modo vivencial em todos seus altos e baixos, quer dizer, sentido intuitivamente, torna-se algo próprio (⁵).”

Alma Lusa

 

(*) Invasão da China pelo Japão em 1937; o massacre de Nanquim. Realizador: Zhang Yimou, 2011. Filme.

(¹) Essa livre resolução precedeu cada ação de retorno, portanto, cada destino! Com cada querer inicial o ser humano produziu e criou algo, no qual ele mesmo, mais tarde, em prazo curto ou longo, terá que viver. É, no entanto, muito variável quando isso ocorrerá. Pode ser ainda na mesma existência terrena em que teve início esse primeiro querer, assim como também pode ser depois de despir o invólucro de matéria grosseira, já portanto no mundo de matéria fina, ou então ainda mais tarde, novamente numa existência terrena na matéria grosseira.

(Mensagem do Graal, Dissertação O Destino-Vol. II)

(²) Parábola do semeador: Mateus 13, 1-23

(³) Cada intuição forma imediatamente uma imagem. Nessa formação de imagem participa o cerebelo, que deve ser a ponte para domínio do corpo. É aquela parte do cérebro que vos transmite o sonho. Essa parte se acha por sua vez em ligação com o cérebro anterior, de cuja atividade se originam os pensamentos, mais ligados ao espaço e ao tempo, e dos quais, por fim, é composto o raciocínio!

(Mensagem do Graal, Dissertação Intuição-Vol. II)

(⁴) Muitos se assustam com isso e temem aquilo que segundo essas leis ainda têm que esperar de outrora, nos efeitos retroativos. No entanto, são preocupações desnecessárias para aqueles que levam a sério a boa vontade, pois nessas leis automáticas reside também ao mesmo tempo a segura garantia da graça e do perdão!

(Mensagem do Graal, Dissertação Destino-Vol. II)

(⁵) Mensagem do Graal, Dissertação O Mistério do Nascimento-Vol. II