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Aquáriusul

Sou daqui deste povo que cheira a mar e sabe a fado

Aquáriusul

Sou daqui deste povo que cheira a mar e sabe a fado

Sex | 25.04.14

Esperança

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“ Enquanto houver sobre a Terra alguém que procure levantar o Céu, quer dizer, implantar um pouco de bondade e de beleza sobre a Terra, restabelecer equilíbrios, perdoar ofensas, respeitar o “Céu”, renunciar ao poder, plantar uma árvore e regá-la todos os dias, vibrar com uma cantata de Bach, arriscar a vida para matar a fome a alguém, comover-se com o riso de uma criança, sentir-se interpelado pelo mistério de Jesus Cristo no Getsémani como Aquele que carrega os pecados do mundo – enquanto houver alguém que teime em entregar-se à Vida, sem pensar em si mesmo, mas tendo em mente os seus semelhantes – não é insensato manter a esperança. “

José Mattoso em Levantar o Céu

***

Enquanto houver esperança, o ser humano dará mais um passo na longa jornada, que é a sua vivência experiencial, no sentido da vida individual e nos equilíbrios da vida em comum.

Um manto de névoa cobre a sociedade dos homens na época atual, nada de extraordinário, já que, em tempos idos, outras épocas de nevoeiro obscureceram a nossa visão humanista e o sofrimento se abateu sobre nós; no histórico da sabedoria popular, podemos usufruir do seu património cultural e educacional, “não há mal que sempre dure nem bem que não acabe”.

Sabemos ser fortes diante das muitas adversidades com que a vida nos contempla, dos muitos sofrimentos que nos afligem, das injustiças com que nos deparamos, perante situações verdadeiramente complexas, doenças, calamidades, guerras, pobreza e um rosário de outras aflições…

“ No dia em que eu clamei, escutaste-me; alentaste-me, fortalecendo a minha alma. ”

Salmos 138 – 3

A viragem do século trouxe um (des) ajustamento aos fatores socioeconómicos criando estados de tensão, suscetíveis na mudança; mudam-se os tempos, mudam-se as vontades.

A globalização dos mercados e o seu enquadramento a nível social e produtivo acentuou a fraqueza de regiões, antes prósperas e agora em crise, e o crescimento de outras, antes pobres e agora prósperas, mas não eliminou a fome, o empobrecimento e o sofrimento inerente, os fatores sociais são ajustados ao ritmo de políticas liberais e egocêntricas com a premissa de que só os capazes podem evoluir no sistema, os outros… são (in) sustentáveis.

Qualquer mudança traz consigo o bloqueio do novo, os poderes instituídos movimentam-se no sentido de não permitir alterações ao seu status quo, só o tempo e a perseverança poderão permitir a mudança, sem violência, do velho para o novo sistema; as alterações climáticas, o controlo dos bens naturais, tal como a água e o petróleo, o controlo financeiro do dinheiro, a má repartição da riqueza, a degradação do ambiente, a violência organizada, tais são os pontos de conflito latente no milénio que ainda agora começou.

As assimetrias entre povos e no próprio povo geram conflitualidades que nos conduzirão a um quadro de instabilidade social que a qualquer momento pode explodir em caos incontrolável.

As medidas de ajustamento orçamental na governação e adaptação aos novos desafios levam a criar ondas de pobreza entre os desvalidos que do pouco que têm muito lhes é tirado.

E os senhores do mundo, acantonados nos seus sistemas de gestão, analisam situações de recurso para este quadro, a fim de manter os contribuintes em estado socialmente aceitável e estável, até lá, a ignomínia permanece.

Entretanto, os senhores da politica e finança fazem os seus jogos de poder e domínio, que em tempo levaram os países ao estado em que agora se encontram, e o povo paga os desvarios dos poderosos, ontem e hoje, e o futuro?

Valerá a pena perguntar pelo futuro?

Certamente que sim, porque há esperança… e onde houver equilíbrio será restabelecida a paz e o progresso no cumprimento do dever e cultivo da beleza!

“ O fruto do justo é árvore de vida, e o que ganha almas, sábio é. Eis que o justo é punido na Terra; quanto mais o ímpio e o pecador. ”

Provérbios 11-30,31

O quadro que se depara à humanidade não tem cores bonitas, estão empalecidas pela ação do tempo, tempo apocalítico, não no sentido escatológico que permanece, mas na realidade dos acontecimentos!

Perante este quadro, sentimo-nos frágeis e abandonados, injustiçados e duvidosos... A sustentabilidade do sistema político, económico e social, deve introduzir uma nova variável na equação, o altruísmo, e o valor x, como resultado, certamente será diferente, mais equitativo e equilibrado, enquadrado nos parâmetros das leis naturais que só dando se pode receber.

No olhar de uma criança, descobrimos o futuro e sentimos esperança; ao passar a invernia, descobre-se o desabrochar da natureza e o sol brilha mais quente, sentimos esperança; no consolo do nosso semelhante, companheiro de aflição e alegrias, sentimos esperança…

Enquanto o sol raiar no horizonte, dia após dia… dia após dia sentiremos a esperança de um novo começo, de um novo dia.

“ Olhai para os lírios do campo, como eles crescem: não trabalham, nem fiam; e eu vos digo que, nem mesmo Salomão, em toda a sua glória, se vestiu como qualquer deles. “

Jesus

Enquanto o homem peregrinar nas planícies da matéria com o olhar no céu, haverá esperança… e o horizonte será a meta!

 

Alma Lusa